domingo, 4 de julho de 2010
A HISTÓRIA DAS ARTES MARCIAIS VIETNAMITAS
Texto transcrito da revista Sport Combat - Março de 1994
DIZER QUE O VÕ É UMA ARTE SINO-VIETNAMITA É NEGAR-LHE A AUTENTICIDADE COM RELAÇÃO À CULTURA PECULIAR DO VIETNAM.
Terminologia - O VÕ
Os termos:
Võ-Viêtnam
Viêt Võ Dao
Võvinam
Viêt Vu Dao
Qwan Ki Do
VIêt Quyên Thuât e outros são criações recentes que associam a palavra ou partícula "Võ"( pratica marcial ) ao nome do país de origem, o "Viêt Nam".
NOTA: Lembrando que Võ não está tão longe da pronúncia de WU de WU SHU chinês.
No Viêt Nam, Võ Thuât, designa a arte de praticar as técnicas marciais, o ideograma corresponte ao do "Wu Shu" na China e ao do "Bu-jutsu", no Japão.
Võta - significa arte marcial nacional;
Võ cô truyên - significa arte marcial tradicional;
O principiante na arte marcial é um "Võ-sinh"( aluno ) que depois se torna um Nguòi thuc hành ( verdadeiro praticante ) que "co vô", isto é, começa a praticar o que lhe foi ensinado.
O tipo de estrutura das artes marciais conhecidas hoje ( grande número de academias e de praticantes, federações ), nunca existiu no Viêt Nam, em plano nacional, embora tenha havido algumas tentativas de unificação nos anos 60, a fim de promover o Võ face ao desenvolvimento de disciplinas estrangeiras.
A prática do Võ, durante a época colonial é mantida secreta e esse estado de coisas prolonga-se mais ou menos até 1955, quando da independência e divísão do país em duas partes antagônicas - fato que permitiu uma eclosão rápida, no Viêt Nam do Sul, das artes marciais vindas da COréia e do Japão. Um grande número de jovens vietnamitas foram, a partir daí, atraídos mais pelas artes marciais coreanas e japonesas do que pela arte marcial nacional que continuava a ser praticada quase que "confidencialmente" com pouca abertura ao público.
O mestre Nguyên Loc foi um dos primeiros a democratizar um pouco mais a prática.
O Võ era, antes de tudo, "propriedade" dos "mestres das aldeias" que ensinavam um número reduzido de alunos, e das "famílias" que conservavam zelosamente, entre seus membros , as técnicas de sua "Gia phái"( escola ).
Por outro lado, existia também uma prática diferenciada feita pelos comediantes ambulantes, pelos monges itinerantes, pelos curandeiros ou mercadores de plantas medicinais. Isso explica, em parte, o fato de haver tantas escolas e estilos ( muitas vezes rivais ) e a dificuldade em discriminar nomes e configurações das técnicas, sobretudo para o ocidental.
Para manter segredo seu "repertório técnico", era comum o mestre dissimular a teoria e a prática de sua arte através de representações figuradas que não deixavam entrever n em o mecanismo nem a aplicação da técnica( salvo para o iniciado. ). ALém disso, os raros documentos escritos traziam caractéres chineses( Chu Hán ) ou sino-vietnamitas( Chu Nôm )e só podiam ser decifradas por alguns letrados.
Sabe-se pouco da prática atual do Võ no Viêt Nam, houve uma interdição e depois uma retomada oficial, mas somente do Võ nos seus aspectos esportivo e de condicionamento físico. A diáspora vietnamita de escolas e estilos ( a partir do Võ tradicional surgem criações as mais diversar ) continua, apesar de algumas tentativas em reunir vários grupos sob a égide de uma federação.
Antigamente, a prática não era limitada por um programa único e estruturado.
Cada Võ-sinh definia seu próprio caminho, conduzido por seu mestre, segundo sua morfologia e características.
Em certas escolas havia um horóscopo, o "Lá Sô Tú vi" baseado na astrologia e na cosmologia sino-vietnamita, a partir do qual, cada aluno determinava o "perfil" personalizado de sua prática.(*)
Finalizando essa introdução, um paralelo entre o Võ ( arte marcial do povo vietnamita ) e o Boxe Chinês ( "Võ Táu" ou "Võ thuát bi Truyên Trung Hoa" ).
Com frequência, o Võ é citado, em comparação às artes marciais chinesas, como um sub-produto. No entanto, o Võ está intimamente ligado a história do povo vietnamita, que soue tornálo cada vez mais plástico, remodelando-o sempre.
É também inegável que as Artes do Punho CHinês têm influenciado a prática marcial no Viêt Nam( como em todos os países asiáticos ) e que certas escolas vietnamitas antigas( Thiéu Lâm, Bach My Phái ) ou atuais( Qwan Ki Do, Hoang Nam, etc.. ) traçam suas origens diretamente da CHina. Entretanto, isso não autoriza definir o Võ como arte marcial Sino-vietnamita( embora algumas escolas o sejam )
e negar-lhe toda a autenticidade com relação a uma cultura e a uma história bem peculiares.
O Võ traz raízes da antiguidade vietnamita( época precedente à presença chinesa ) e seu desenvolvimento técnico deu-se, sobretudo, como resposta às invasões da China dos Han ou dos Ming, além das incursões mongóis e das guerras contra os Châms ou cambodjanos.
É no decorrer desse capítulo da história do Viêt Nam que seu povo criou e enriqueceu suas próprias técnicas e estilos diversos de combate que, por sua vez, foram influenciados pelas práticas não só chinesas como indonesianas e tibetanas( mas também as influenciaram ).
HISTÓRICO
O VIÊT NAM, DOMINADO PELOS CHINESES, TENTA CONSERVAR FEROZMENTE
SUA CULTURA ANCESTRAL E SUAS TRADIÇÕES MARCIAIS.
Buscas arqueológicas ( DONG SON ) testemunham a existência, desde a pré-história e a Remota antiguidade, de técnicas guerreiras utilizadas pelos antigos vietnamitas.
Essas técnicas começaram realmente a se refinar e a se desenvolver durente a dinastia dos HUNG VOUNG ,que reinou sobre o Van Lang, reino do antigo Viêt Nam, nos séculos 7 e 3 antes de Cristo.
O imperador Hung Voung I é considerado o criado do Võ-Thudt, por numerosas escolas que ainda prestam homenagem, a cada ano, por este feito.
naquela época, o estudo do Võ baseava-se sobretudo na aprendizagem de:
Técnicas de armas - Võ-Khi ou Binh-Khi como:
Machado - Can pháp;
Punhal - Dao gam;
Lança - Thuong ou Giao;
Arco - Cung ou Cai giang;
Besta - No ou Cai no;
Numerosas lendas, relativas a esse período, narram façanhas de personagens que se tornaram célebres graças às suas armas, tidas como "mágicas".
Por exemplo: A história de An Doung Voung que, com sua fantástica besta, podia disparar mil setas e matar mil adversários de uma spo vez.
Diante da iminência da invasão chinesa, a formação militar do povo vietnamita e a construção de obras fortific adas aceleraram-se( a construção da cidadela de CO-Loa é um exemplo ).
Mas além das técnicas de combate que emergiam também as primeiras teorias que definiam a utilização estratégica e tática da arte guerreira ( Võ Thudt ), tanto para o exército( combate em grupos ) quanto para a prática individual. Estas teorias deram nascimento a novas técnicas, ainda mais ricas, algumas das quais constituem a raíz das formas hoje trabalhadas.
Certos inovadores, como TRIEU QWANG PHUC, LY NAM DE, TRUNG VOUNG, utilizaramcontra os guerreiros chineses técnicas baseadas no "Di doan thang truong ( superioridade das técnicas semelhantes ), no "Pahn tan biên pháp"( Método das esquivas sem resistência ) ou ainda no "Di nhu thang cuòng"( Utilização da suavidade contra a força ), durante a longa luta na qual os vietnamitas desenvolveram a prática da guerrilha( DU KICH CHIÉN )face ao poder militar dos invasores.
A presença chinesa no Viêt Nam iria durar cerca de mil anos( 111 a.C. e 938 d.C ).
A cultura, a organização, administração, língua e a filosofia( Taoismo, COnfucionismo, Budismo ) chinesasmarcariam por muito tempo o povo vietnamita, sem entretanto, conseguir despojar-lhes a originalidade.
Organizado à maneira chinesa, o Viêt Nam conservae salvaguarda ferozmente sua prórpia cultura ancestral e suas tradições marciais que se perpetuam em segredo. Levantes ocorreram( das irmãs Thung, de Ly Bon, de Bo Cai Dai Voung ) e mostrava que o povo vietnamita tomava aos poucos consciência de sua nacionalidade e de sua vontade de independência.
Nesta época, o Viêt Nam constituia-se num quadrilátero econômico e num verdadeiro cadinho cultural entre a Índia e a China. Desses dois países recebia uma influência conjugada, além da que recebia da Malásia e das ilhas da Indonésia.
NO século 2 d.C., o Budismo indiano foi introduzido no então chamado Giao Chi( outra denominação do Viêt Nam antigo ), pouco a pouco substituído ( final do século 6 )pelo Budismo Thiên ( CHAN ) de procedência chinesa. E isso, com consequências na prática marcial.
No ano de 938, Ngo Quyen presegue o invasor chinês e funda um Estado independente. O país se organiza e torna-se, sob a dinastia dos Ly, o Dai Viêt.
O Võ sai enfim das sombras e começa a fazer parte da educação geral do povovietnamita ao qual os dirigentes querem insuflar um sentimento de unidade nacional. As técnicas do Võ atingem alto nível e sua prática se apoia nos princípios de 3 filosofias:
o TAM GIAO( Confucionismo, Taoismo e Budismo ).
Suge o termo "DAO" ( via no sentido espiritual ).(**)
É um grande avanço, em uma época na qual os costumes ainda são rudes e fundamentados na violência, ver a prática marcial considerada como uma via para a realização espiritual do indivíduo.
A fronteira entre a Arte da Guerra torna-se mais definida.
Numerosos mestres deixam o cenário de frente e isolam-se nas montanhas para se concentrarem na disciplina física e mental.
Não aceitam discípulos ou, se aceitam, apenas uns poucos aos quais ensinam assuntos diversos, caligrafia, xadrez chinês, filosofia ou ainda os segredos da medicina tradicional. Vivem modestamente.
Alguns tornam-se peregrinos e vão de templos a aldeias, sem se submeterem a nenhum jugo administrativo. A literatura popular vietnamita transborda de relatos que retraçam as peregrinações desses homens descritos como "cavaleiros de grande coração", que não hesitavam em se expor em socorro dos humildes aldeões.
Por outro lado, outros mestres de artes marciais ( Tháy Võ )recebem denominações oficiais para irem ensinar nas mais longíquas aldeias( cada aldeia deveria ter um instrutor, reconhecido como tal )ou para passar seus ensinamentos aos membros da COrte Imperial ( todos os funiconário do poder regente e cortesãos eram obrigados a praticar o Võ).
Encontros ( Thi Vi ) regionais aconteciam todos os anos e nacionais a cada 3 anos - o que permitia aos melhores praticantes obterem cargos oficiais na Guarda Imperial.
Com a dinastia dos Tran( 1225-1400) são criados Liceus e Doutorados de artes marciais( Gian Võ Doung ). É a "idade do ouro" da prática marcial no Viêt Nam, levada agora a todas as pessoas do povo, neswte final de idade média vietnamita.
Ao contrário de outros países asiáticos nos quais ainda é reservada a casta militar ou aos indivíduos da nobreza.
Por ocasião das invasões mogóis no século 13, o general Tran Hung Dao conclama que todos os mestres de artes marciais se reunam, a despeito de quaisquer diferença de táticas de combate entre escolas e estilos, para formarem o alicercedo Exército Popular( Nham Dãn tu vé )que deveria por três vezes vencer o poder do exército mongol, salvando assim, por contra-golpe, o Japão da nova invasão pelas tropas de Koubilai.
Pela primeira vez todas as técnicas vieram à tona e seriam codificadas. Outras seriam aperfeiçoadas ou mesmo criadas para responderem a ataques específicos, como por exemplo as técnicas de "tesoura " - GIAO LONG CUOC - destinadas a descavalgar ou desmontar os cavaleiros inimigos depois de serm pegos nas emboscadas de caminhos rebaixados.
Em consequência da vitória do exército mongol, o Dai VI~et, veio conhecer forte popularidade entre diferentes povos da Península da Indochina e do sul da China. Obviamente, suas técnicas marciais receberam uma nova luz; foram copiadas e influenciaram a prática dos países próximos.
Infelizmente, esse rápido desenvolvimento das artes marciais vietnamitas terá curta duração. COm o fim da dinastia dos Tran (1400), o poder imperial, em plena decadÇencia, começa a temer levantes populares e proibe toda a prática marcial entre o povo, reservando-a para oficiais, nobres, pessoas da Corte.
O exército se separa pouco a pouco da população em geral e, quando ocorre a invasão dos Ming (1406), o exército vietnamita literalmente desaba diante das tropas chinesas.
A colonização dos MIng, foi praticularmente pesadaq e feroz: ocorre de maneira forçada, uma assimilação social e cultural, os chineses chegam a requisitar todas as grandes obras da literatura vietnamita para queimá-las ou as conservarem, eles próprios, numa tentativa de enfraquecer o patrimônio cultural do Viêt Nam. QUalquer início de revolta é logo esmagado pela chamada "chapa de chumbo" estrangeira.
Seria preciso esperar que Lê-loi e seus partidários, formados nas técnicas da Escola LAM SON, viesse enfim repelir o invasor para além das fronteiras em 1427. Graças a um energia paciente e secretamente guardada.
Assumindo o poder, Lê-loi, reorganiza o apís, institui concursos literários para recrutar o quadro da administração imperial( o Confucionismo acelera-se por sobre o BUdismo ) e favorece a prática e o desenvolvimento das artes marciais em todas as camadas da população.
Organiza exames de Võ( Minh Kinh Kháo ), em diferentes níveis, a fim de selecionar os melhores elementos para a Guarda Imperial e para o ensino. Proclama emergência de uma prática marcial aliada à aquisição de conhecimentos intelectuais e filosóficos ( evidencia-se a influência de Nguyên Trai, célebre escritor e pensador que apoiara Lê-loi por ocasião da guerra da independência ).
Durante o longo período seguinte ( início do século 16 ao final do século 18 ), o Viêt Nam conheceu continua guerra fraticida entre o Norte ( dinastia dos Mac e depois dos Trinh ) e do Sul( dinastia dos Lê e depois dos Nguyên ).
O Võ se separa então em várias correntes inimigas, segundo o apoio recebido por esta ou aquela dinastia, e conhece diferenças de prática cada vez mais acentuadas, o que resulta na criação de estilos bem específicos.
Além disso, no Sul, a chegada maciça de emigrantes chineses ( que fugiam da invasão dos Mandchus à China ) iria influencia por muito tempoas escolas da região. No final do século 18, violenta revolta iria verrer os Estados de Nguyên e de Trinh.
Os Tay-son, inteligentemente organizados e comandados por um expoente de artes marciais de Binh Dinh chamado Nguyên Hue, desmancham as tropas imperiais e as tropas enviadas pela dinastia chinesa dos Quing, na batalha de Than-Long( nome da antiga capital do norte do Viêt Nam ).
Tendo reunificado o país, Nguyên Hue, toma o nome real de QUANG TRUNG e assegura a renovação da nação vietnamita, apoiando-se em sólida burocracia à maneira mandarim na qual os militares levavam larga vantagem sobre os civis.
Nguyên Hue favorece a implantação das artes marciais em todo o país e devolve ao Võ seu valor educativo através dos respeito imposto por um código de honra e conduta acentuadamente influenciado pelas doutrinas confucionistas. A casta militar ( mais genericamente, marcial ) passa a ter uma estruturação semelhante à encontrada na China e sobretudo no Japão, na mesma época:
TAM CUONG:
Quân( Imperador );
Su( Mestre );
Phu( Pai ).
NGU THUONG:
Nhãn( a bondade humana );
Nghia( o dever );
Lê( a cortesia );
Tri( a inteligência );
Tin(a confiança ).
O ato de suícidio ( Tuân-tiet ou Tu Sat )será posto em prática, pela honra, sempre que os princípios estabelecidos pelo código de conduta não forem respeitados pelos membros da casta guerreira ou pelos mandarins.
O reino de QUANG TRUNG seguiria asinda normas estritas ( também baseadas nas doutrinas confucionistas ) no que se refere à entrada e permanência em uma Escola de Artes Marciais na qual o Mestre é considerado "PAI" dos alunos ( Su Phu ).
Nessa época surgem grupos de guerreiros muito especiais, como os Bao TIeu( protetores dos bens ), que alugavam seus serviços aos ricos comerciantes ou senhores, assegurando-lhes proteção em viagens contra a cupidez dos bandidos dos caminhos.
Mais secretos eram os Nham Da ou Kieu Dug ( semelhantes aos ninjas japoneses ), praticantes das artes marciais de alto nível, que conheciam perfeitamente o manejo de armas tradicionais( Tháp bat Ban ) e diversas técnicas docultas que os permitiam introduzir-se desapercebidamente nos castelos durante a noite, e espreitarem o momento pro´pício para atacar.
A história do Viêt Nam ( como a de numerosos países asáticos ) sofre uma reviravolta no século 19. A influência ocudental se faz cada vez mais incisiva, levando enfim à colonização francesa. A dinastia dos Nguyên ( Imperador Gia-Long ), atolada em uma tradição retrógada, tenta retardar domínio estrangeiro, sem sucesso. Os franceses tomam o país cujas estruturas arcaicas cedem ( apesar do heroísmo extraordinário de numerosos cidadãos )e as Escolas de Artes Marciais são obrigadas a se refugiarem novamente na cladestinidade.
Durante todo o período de colonização, o Võ, abrigado por trás das "cercas de bambu", é perpretado pelas sociedades secretas ( Cai Dai, Minh Ly, ... ), esquecido dos jovens que, lentamente são atraídos pelo modo de vida dos ocidentais.
Essa situação de clandestinidade favorecia ainda mais a diferenciação entre as escolas, segundo sua localização geográfica:
Võ Bac Ninh ao Norte - influenciado pelos estilos do Sul da China;
Võ Quang Binh e Võ Binh Dinh - na região central;
Võ Lam ao sul, influenciado pelas escolas chinesas do norte.
Às vésperas da independência( 1955 , diferentes grupos surgem, sob o disfarce de associações esportivas, notadamente o movimento Võ-vinam, da Mestre Nguyên Lác; o Tinh Võ Hoi ( artes marciais sino-vietnamitas )de, entre outros Mestre Chau Qwan Ky; o Võ-Vietnam, de Mestre CUton; ou ainda o Vu Dao( Dat Do ) de Mestre Pham Van Tan.
Esses agrupamentos conheceram estruturação mais forte nos anos 60 ( somente no sul )com a criação do Tong Hoi Vo Hoc Viêt Nam( COnfederação Nacional para o Estudo das Artes Marciais Vietnamitas ). Essa confederação foi criada principalmente com o intuito de contrabalançar a influência crescente, sobre os jovens, das disciplinas marciais de outros países asiáticos.
Os acontecimentos de 1975, entretanto, literalmente "arrombaram" esse estado de coisas, obrigando as escolas a fecharem suas portas e levando numerosos mestres e praticantes a deixarem o país, sob circunstâncias quase sempre dramáticas, para estabelecerem-se definitivamente no Ocidente.
VÕ DOUNG - SALA DE TREINO Võ-doung é o local em que se treina e se aprende, a escola, no sentido estrito do termo. Contrariamente ao que acontece no Ocidente, onde as aulas têm lugar em ginásios ou locais esportivos, o Võ-duong, no Viêt Nam, é um local quase sagrado, onde o respeito dos alunos ( Võ-sinh ) pelo ensino que lhes é dispensado manifesta-se logo no iníco da aula, pelo comportamento que adotam na escola - local que lhes dá a honra de serem aceitos; silêncio, atitudes de cortesia e respeito, cuidados com a limpeza, etc. Os Võ-doung não eram todos iguais. Diferenciavam-se quanto à forma de prática e de ensino. Havia escolas que permitiam a entrada de espectadores; outras, mais secretas, sob o abrigo de um templo ou residência de uma grande família, mantinham um ensino exclusivo. Na grande maioria, so Võ-doung situavam-se ao ar livre ( pátio interior da casa de um mestre, praça da aldeia, clareira, etc. ). A eclosão das grandes salas( somente nas cidades importantes do Viet Nam do Sul ) é um fenômeno recente ( final dos anos 60 ) devido, sobretudo, ao surgimento das artes marciais estrangeiras que eram praticadas nesses tipos de "salas públicas".
FIM
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NOTAS PESSOAIS:
(*) = Interessante que, segundo o texto os praticantes faziam uma espécie de mapa astral para criar um perfil de treinamento.
(**) = Dao é equivalente ao Dô das artes marciais japonesas.
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KYUDO - O caminho do arco
Essa talvez seja a arte marcial mais Zen por sua própria prática, já que a precisão de uma flecha se obtém por um condicionamento de tranquilidade e calma e não por explosão física como outras artes marciais. Os arqueiros sempre foram usados em guerras, no Japão então eles tiveram um destaque e tanto, treinados na arte do Kyujutsu, a técnica do arco, quando a paz finalmente alcançou o Japão, o Jutsu se tornou Do, a técnica pela técnica se tornou uma senda, um caminho a ser seguido, um meio para se atingir um objetivo maior, que para os japoneses é o auto-entendimento e perfeição através das técnicas marciais.
As cerimônias e rituais que envolvem essa arte permanecem inalteradas até hoje.
A doutrina do Kyudo está altamente agregada ao estudo do Zen, Kyudo é uma arte altamente formalizada e o definitivo alvo do praticante é competir consigo mesmo. Com a concentração apropriada, praticante e arco se fundem, quando se tornam um só, aí sim, e somente aí, a flecha pode ser liberada, no Kyudo não importa o quão precisa é a flecha no alvo, ou como se atingiu o alvo, isso é apenas consequência. O importante é como esse tiro é feito e em que estado a mente se encontra quando a flecha é solta. No Japão Kyudo é uma combinação de arte física e filosófica sob os princípios do Zen Budismo. existe não por acaso, mais ênfase nos conceitos Zen, talvez mais até que no Kendô.
Diferente dos arcos e flechas européias, o arco japonês é bem maior, aliás o maior do mundo, geralmente com mais de seis pés( 2 metros ), feito de bambu, ainda com o mesmo design do Japão feudal, ao puxar a flecha a posição não é centralizada como em outros tipos de arco e flecha, que mede em geral, mais de um metro. A corda é feita de fibras vegetais, como cânhamo, o praticante geralmente está com outra flecha segura na mão que segura o arco, para já ter uma em mãos para um segundo tiro.
Se na Inglaterra temos o lendário Robin Hood e na Suiça o famoso William Tell, o Japão tem Nasu no Yoichi,. em 1280, quando clãs guerreiros competiam pela supremacia, dois grandes clãs se enfrentaram numa decisiva batalha, ocorrida na costa do Japão, num lugar chamado Yashima. Um dos clãs, Genji, tinha planejado dirigir os inimigos para o mar. Da ponte de comando do barco do inimigo o líder do clã Heike, ria alto caçoando dos samurais do clã Genji, esse lorde dos Heiki, tinha em seu barco um leque dourado com o emblema do clã Heiki e desafiava os samurais na praia que o atingissem se fossem capazes, mesmo com o barco balançando, longe no mar, Nasu do Yoichi aceitou o desafio e armou seu arco, cuidadosamente mirando na embarcação, DIZ A LENDA que ele soltou a flecha que atravessou o mar acima das ondas, por aproximadamente 400 jardas( mais ou menos 360 metros ) e atingiu o leque exatamente no pino que segura todas as varetas, sem o pino, o leque se desmanchou e caiu no mar em pedaços. Os soldados Heike teriam perdido a vontade de combater e acharam que isso foi um sinal de mal agouro para a batalha, os soldados do clã Genji, teriam, sido motivados para a batalha por causa do feito de seu companheiro Nasu e furiosamente lutaram contra os inimigos, o clã Heike foi completamente esmagado.
O Kyudo hoje é praticado por mais de meio milhão de japoneses. É uma prática muito apreciada pelas mulheres devido a graça de movimentos e tranquilidade que essa prática oferece aos praticantes.
Aquele que abraça a arte do arco e flecha precisa estar preparado para anos de treinamento, pois geralmente um estudante de Kyudo deve aprender como respirar apropriadamente, como relaxar, como adotar a postura correta, como deixar sua mente calma e concentrada e tudo isso por aproximadamente DEZOITO MESES, antes de lançar sua primeira flecha, pois é um caminho de esclarecimento, uma via de iluminação além de uma prática esportiva. Mas competidores existem no Kyudo, com o objetivo de fazer os melhores pontos em alvos, mas esses geralmente, representam algo como o velho oeste da prática do Kyudo, e óbvio, são altamente desaprovados pelos praticantes mais ardentes e tradicionalistas.
Fonte:
Martial Arts of the Orient, Peter Lewis, 1993, fotos: Camerapix Hutchison
Um pouco de Artes Marciais - Krab-Krabong
KRABI KRABONG
A arte marcial armada da Tailândia
Krabi-krabong é uma arte marcial Siamesa, que usa a espada e o bastão em lutas, também contém técnicas de espada e escudo, aliás as técnicas de ambos se mesclam muito. São vagas as informações sobre a verdadeira origem da arte, mas se acredita que a mais de 500 anos é treinada por forças militares da região. Luta-se com duas espadas em cada mão, que se assemelham muito a facões do Kung Fu, mas com o cabo mais longo, para facilitar o equilíbrio e manipulação das armas.
Em média são necessários cinco anos para se aprender as técnicas básicas, os combates de Krabi-krabong não possuem limite de tempo, o que exige muita resistência muscular dos praticantes, os praticantes não se utilizam de nenhuma proteção, além das roupas e frequentemente ocorrem cortes e ferimentos nos combatentes, como traumatismos no crânio, braços quebrados, machucados nas pernas e pescoços também são comuns, por serem alvos frequentes das armas. Ultimamente, a exemplo do kendo, os praticantes utilizam armas de madeira e na contenda vale tudo. Se uma arma cair, o praticante pode se valer de socos, chutes e arremessos semelhantes ao judô ou hapkidô para tentar incapacitar o adversário. A ênfase da luta todo o tempo é na ação rápida e certeira.
Os rituais do Krabi-krabong se assemelham, por questões óbvias, aos do Muay Thay, eles usam o Monkon, espécie de tiara colocada na cabeça e fazem movimentos semelhantes ao Ram Muay, mas com suas armas.
Pode-se dizer que o Krabi-krabong está para os tailandeses assim como o bokudo está para os japoneses.
Fonte:
Martial Arts of the Orient, Peter Lewis, 1993, fotos: Spectrum Colour Library, Sporting Pictures UK Limited.
domingo, 20 de junho de 2010
Putafaltadesacagem!
E voltamos a teclar, já que o Galvão, calará a boca um dia, ou não, o que não faz o menor sentido, mas quem disse que algo na vida faz sentido e quem disse que fazer sentido é uma coisa boa?
Depois de muito tempo, trabalhando muito volto a escrever, sobre a vida, o Universo e tudo mais, falta colocar umas coisinhas em dia, como as falcatruas do Windows e Microsoft no seu computador que você não fica sabendo, falta as continuação da tri-tetra-ou sei lá quantas logias sobre o NOSSO MUNDO que tinha escrito a primeira parte ano passado, mas agora acho que vai.
Sempre que eu achar um link legal e comentar nele, aqui ele estará!
Também agora você pode ver coisas legais no site que auxilio com muito humor e dedicação, hahaha... o MALDITOS, ELES FIZERAM!
http://www.malditoselesfizeram.com.br/
http://www.estadoanarquista.org/blog/
O Twitter tá aí, muita gente falando nele, não dá pra dizer que é um erro colocar um assunto desses na capa, se fosse sobre a Microsoft, o Orkut ou o Youtube, seria ruim também? Num muito perfeito com pessoas saltitando em campinhos de morango e dando as mãos ao estilo HEAL THE WORLD de MICHAEL JACKSON(um ano sem ele, lembram?), a morte de Saramago realmente deveria ser uma profunda tristeza, mas bem-vindos ao deserto do real, onde quando a coisa enfeia, enfeia mesmo, onde um país tem uma Copa, com estádios maiores que as cidades que os abrigam, onde a maioria da população tem que aturar o Galvão durante o jogo de sua seleção, onde a tv digital com sua imagem perfeita e sem interferências é uma realidade distante da grande massa. Temos uma Copa que parece mostrar um povo sendo usado por uma mega-corporação chamada FIFA para abrigar um evento que não parece ser feito pra realidade econômica, social e política deles.
Mas os africanos podem não ter a melhor seleção, mas com certeza tem as milhares de vuvuzelas zumbizando e grunhindo nos ouvidos dos comentaristas até deixá-los loucos. Mandamos o Galvão calar a boca, mas vuvuzelas, please... agora todos juntos, a todo fôlego e com muito mais barulho!!!
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